30 de nov. de 2011

Mexendo o caldeirão: dos nossos antepassados até nós

Pesquisa e texto realizados por Stella Bittar

"En ce qui concerne les correspondances des plantes et des astres, il faut savoir que l´univers est comme un grand corps où tout se correspond. Il y a un lien invisible qui relie toute chose, une empreinte du monde d´en-haut sur le monde d´en-bas" Le Livre du Secret des Choses

Da Botânica antiga às crenças do Herbalismo oculto, passando pela medicina popular caseira chegando à praticidade da Aromaterapia moderna. Eis aqui nossa última Postagem do ano, propondo aos adeptos dos cuidados naturais receitas e histórias curiosas que enriquecerão seu conhecimento sobre o uso das ervas. 

Algumas receitas antigas são utilizadas até hoje e são fáceis e simples de realizar em casa; outras aparecerão para despertar curiosidade e nos fazer viajar no tempo, para descobrirmos o valor que nossos ancestrais atribuíam  às ervas, deixando-lhes marca energética, simbologias, até os dias atuais...
Para finalizar, descreverei algumas Sinergias, práticas e “modernas”, com  óleos essenciais, para nosso dia-a-dia... Boa Alquimia!


Tisana de Zimbro (Alpes Franceses séc XVIII): "Ferva 4 bagos de Zimbro (Junipero communis) em 1 xícara de água. Deixe em infusão por 10 minutos. Tome 1 xícara por dia adoçada com mel como depurativo dos rins ou do fígado e nos casos de reumatismos".
Paracelso (séc XVI) recomendava que jogassem as bagas do Zimbro sobre brasas vivas para purificar o quarto dos doentes. Na Botânica oculta ramos do arbusto afugentavam cobras e queimados como incensos, “purificavam o ambiente dos miasmas e afastava as entidades maléficas do plano astral...”

Vinagre dos 4 Ladrões (Sul da França séc XVIII): Dizem que os ladrões conseguiram sair imunes  durante a terrível epidemia de Peste pois utilizavam um “talismã” que os deixavam invulneráveis: “Em 2  ½ litros de Vinagre de vinho coloque 40 g de absinto,  alecrim, sálvia, arruda, hortelã, lavanda e 5 g de canela, noz-moscada, cravo, alho. Deixe descansar por 10 dias e filtre. Utilize sempre que  visitar enfermos nos hospitais, em dias de nevoeiro, ou em caso de epidemias – friccione o rosto e as mãos e coloque algumas gotas em um lenço – assim você evitará as chateações...”

Loção da Felicidade (Alemanha séc XII)“Amasse 100 g de flores de Malva e 200 g de flores de Sálvia. Misture 20cl de Azeite ou de Vinagre de Cidra. Deixe macerar. Filtre. Massageie a testa e as têmporas com esta loção. Nos casos agudos faça compressas por 3 dias. O sumo da Malva dissolve a melancolia, o da Sálvia a seca, o Azeite ajuda a cabeça cansada enquanto que o vinagre arranca a acidez da melancolia.”

Indo mais longe, a tão especial Mirra, associada às adorações divinas na tradição judaica, grega e romana, também utilizada nas festividades muito humanas, como Aroma do amor: “Espargi Mirra sobre minha cama e também Agáloco e Canela, venha beber do profundo amor até o amanhecer” (Livro dos Provérbios).

Ela é importante também na Botânica oculta, por exemplo, na fabricação do Óleo de Deméter, que leva "3 gotas de Mirra, 2 de Vetiver, 1 de perfume de Musgo de Carvalho" e é utilizado como ungüento para nos conectar à Terra, para as “safras frutíferas”, dinheiro e prosperidade. Nos rituais espirituais ou na meditação, aparecem nas "Tinturas  sagradas" usadas via externa - Mirra, Olíbano e Benjoim - reduzidos em pó e misturados em álcool de cereais.

Já a cheirosa Verbena era célebre talismã, para “afastar o demônio e os espíritos malignos”. Culpeper (séc XVII),  recomendava-a para distúrbios do útero e feridas inflamadas. Encontramos já em 1526:  “ Para animar as pessoas em volta da mesa, molhe 4 folhas e 4 raizes de Verbena em vinho e espalhe pela casa”...

"Celui qui veut rendre joyeux ses convives, prendra 4 feuilles e 4 racines de Verveine, qu´il fera cuire dans du vin. Puis il aspergera de ce breuvage, aux 4 directions, l´endroit où l´on doit se réunir. 
En chassant les peurs, comme le soleil chasse les chevaux noirs de la nuit, la tristesse et la mélancolie du coeur et de l´âme feront place aux rires"

Encontramos também antigas receitas da medicina caseira presentes até os dias de hoje...: 

Óleo de pétalas de Calêndula: colocar as pétalas de Calêndula num bocal escuro e preencher de azeite. Deixar descansar por 40 dias.  Em uso externo é anti-inflamatório, anti-séptico e cicatrizante. Em uso interno é hipotensor, emenagogo (estimula a menstruação), sudorífero. Tomar uma colher de café em jejum.

Vinho de Camomila: Deixe descansar 6 semanas num bocal escuro 1 L de vinho branco com 10 cabeças de camomila fresca e a parte externa da casca de 2 laranjas. Filtre, acrescente mel e utilize como aperitivo ou digestivo.

Xarope de Tomilho: 6 colheres de chá de flores de Camomila, 4 de Tomilho, 2 de Sálvia. Junte as ervas à 1 L de água e proceda à uma infusão. Coe, volte ao fogo e reduza o líquido a ¾ de xícara. Adicione mel. É um excelente expectorante calmante dos pulmões.

Para concluir...Exemplos de Sinergias para o nosso dia-a-dia com os práticos Óleos Essenciais:

Blend para cãimbras e peso nas pernas: Misture 5 gotas de cada óleo:  Alecrim, Hisopo, Lavanda e Manjerona em 15ml de Óleo vegetal (Amêndoas por exemplo) e proceda à uma massagem ascendente suave nas pernas.

Blend para Insônia: Misture em um pouco de mel puro, 3 gotas de cada óleo: Sálvia, Vetiver, Melissa, Lavanda. Acrescente na água quente numa banheira. Permaneça por 20 minutos.

Blend para dor no tórax, dificuldade respiratória: em 10 ml de óleo vegetal acrescente 2 gotas dos seguintes óleos: Olíbano, Eucalipto e Alecrim e massageie suavemente a região.

Blend para digestão lenta e prisão de ventre: 8 gotas de cada óleo em 20 ml de óleo vegetal: Laranja, Funcho, Hortelã-pimenta. Massagens suaves no abdômen em sentido horário.

Blend para contraturas musculares: 8 gotas de cada óleo em 15 ml de óleo vegetal: Cipreste, Junípero, Eucalipto.

Blend para ansiedade e palpitações: 2 gotas de cada óleo em 5 ml de óleo vegetal: Manjerona, Grapefruit, Lavanda. Massagear o tórax, alto do abdômen e têmporas.

Centenas de fórmulas de infusos, óleos, incensos, tinturas, ungüentos, cataplasmas, xaropes, perfumes, banhos herbais foram descritos e utilizados, e ainda o são, em medicina popular, rituais mágicos ou religiosos, culinária, perfumaria, cosmética, em épocas e civilizações diferentes. A História do uso das ervas acompanha a história da humanidade. 

Atualmente, aromas, sabores ou remédios sintéticos, nos distanciam da natureza. E nos distanciam da nossa própria natureza, acostumando-nos a não sentir mais, quase nada.  Os aromas e  sabores falsos são padronizados. As dores são anuladas por analgésicos para não entrarmos em contato com o que diz nosso corpo, a expressão das emoções e a complexidade da sensibilidade humana são adormecidas com comprimidos baratos.

Despertarmos nossos sentidos e nos conectarmos novamente à nossa verdadeira  e profunda natureza e com a Mãe natureza é urgente...

Mexer com as ervas desperta os sentidos, desperta ancestralidade e  conhecimento antigo. A gente viaja no tempo e recorda como nossos antepassados cuidavam uns dos outros, cuidavam dos males internos e externos, sentiam prazer, protegiam-se, oravam, celebravam, seduziam, amavam... sempre conectados à natureza.
Dar continuidade a essa maravilhosa história de forma mais moderna, utilizando óleos essenciais das plantas, é um prazer imenso. Dizemos que o óleo essencial é a Alma da planta...a alma em uma gota. 
Mexer com os óleos aromáticos desperta emoção. Emoções diferentes segundo o aroma com o qual estamos mexendo. Como na Música, falamos de notas para os aromas também. 
Sentire – um mesmo verbo para tocar, ouvir,  perceber o gosto ou o aroma. Praticar a verdadeira  Aromaterapia não é só cuidar mas também despertar - os sentidos, o outro, a alma do outro, o coração.    
Basta entrar em sintonia e proceder à alquimia. Vale a pena.

Muito obrigada a todos pelo apoio e divulgação após mais um ano de pesquisas e de criação
Com carinho,
Stella Bittar


  

7 de out. de 2011

O nobre Óleo essencial de Rosas

Pesquisa realizada por Stella Bittar

ROSA DAMASCENA (flores cor-de-rosa)   
ROSA CENTIFOLIA (flores brancas, rosa pálido) 
Rose (fr), Rose, (ing), Rosa (it)
"The Rose was born, says Anacreon, from the foam of the sea at the same time as Aphrodite. When the waves deposited the goddess of love on the shore, they also brought the seeds of the most beautiful of the flowers: “Perfum for the Gods, fascination for mortal beings, a precious ornament for the Graces in the flowering season of love”, the Rose was and remains the symbol of love and perfect beauty".(Portraits in Oils – Philippe Mailhebiau)


CARACTERÍSTICAS: Pertencendo à Família das Rosáceas a extração do óleo essencial é feita por destilação a vapor das pétalas frescas. O óleo é obtido principalmente na França (a Centifolia, em Grasse, capital mundial da Perfumaria), Marrocos, Turquia e Bulgária (a Damascena).

MITOS E USO ATRAVÉS DA HISTÓRIA: 
A Rainha das Flores está presente na maior parte das religiões, rituais sagrados, da Índia ao Cristianismo, no Império Romano, na Grécia Antiga.
Na Mitologia Grega, Afrodite teria pisado num espinho de rosa e o sangue escorrido teria transformado a rosa, originalmente branca, em uma rosa vermelha....
Para os Romanos, a Rosa era símbolo da fertilidade e prosperidade e, no plano espiritual, da harmonia e equilíbrio.
A  Rosa também teria sido a primeira flor a ser cultivada e teria nascido do sangue de Adônis e de Vênus ou ainda, para os Muçulmanos, do suor de Mahomet...
Na Alquimia a Rosa representa o amor místico ou divino
Sua grande beleza e sua fragilidade simbolizam a vida e seu caráter efêmero. Representa também o Cálice Divino,  a plenitude espiritual, o conhecimento, objetivo daqueles que estão em busca da verdade.

Descobrimos já seu uso na Grécia Antiga, onde as mulheres friccionavam o corpo com pó de pétalas de rosas após o banho e faziam cintilar os cílios com a essência.
Paracelso já preconizava no séc XVI a Rosa para os problemas cardíacos, palpitações e humores alterados seguindo a Lei das Assinaturas.
As infusões e compressas de pétalas de rosas foram por muito tempo preconizadas na Europa do séc XIX nos casos de dispepsias, dor de garganta, doenças da pele e dos olhos.

PROPRIEDADES: anti-séptico, anti-inflamatório, anti-depressivo, adstringente, sedativo, cicatrizante, emenagogo, afrodisíaco, depurativo, hemostático, anti-espasmódico, digestivo, tônico do aparelho cardio-circulatório e digestivo, laxante suave, anti-séptico, refrescante.

Ação energética na Medicina Tradicional Chinesa: Yin - reduz o excesso de Calor e atua principalmente nos Meridianos do Coração, Fígado, Baço-Pâncreas, Rim. Ação profundamente equilibradora do Shen.


INDICAÇÕES  TERAPÊUTICAS: Alterações do sistema nervoso, cefaléias, stress, insônia, palpitações; frigidez, ausência de libido, esterilidade, problemas menstruais: regulariza os ciclos, age nos casos de dismenorréia (cólicas menstruais) e menorragia (menstruação excessiva); suaviza os sintomas da TPM e da Menopausa; leucorréia, distúrbios genito-urinários; amigdalites e dores de garganta, estomatite, gengivite; insuficiência circulatória, congestão hepática, constipação.

AROMATERAPIA ESTÉTICA: Profunda ação contra rugas e envelhecimento cutâneo sendo um excelente tônico. Revitaliza peles secas e maduras.
  • Pode-se misturar o óleo de Rosas com óleos essenciais de Gerânio, Sândalo, Pau-Rosa em creme base ou óleo vegetal (jojoba, damasco, prímula, amêndoas...) obtendo-se um Blend facial anti-rugas riquíssimo. 1 ou 2 gotinhas de cada óleo para 10ml de base é o suficiente nas massagens faciais.

PSICOAROMATERAPIA: Suaviza os humores coléricos, apazigua e acalma nos casos de dor e sofrimento. Grande auxiliar nos casos de depressão, apatia e na depressão pós-parto.
  • Diluir em óleo vegetal algumas gotas do OE de Rosas  (misturando-o a outros OEs como Sálvia, Bergamota, Gerânio, Grapefruit, Camomila numa base de Óleo Vegetal) e fazer fricções diárias no tórax. 20 gotas de 3 tipos de OEs no total para 30 ml de Ó.Vegetal está de bom tamanho.
A utilização do Spray aromático com os mesmos óleos é bastante aconselhada também.

 Ao meu ver, o óleo de Rosas  carrega  marca energética profundamente feminina. Auxilia a mulher a entender e despertar sua feminilidade profunda, beleza e conhecimento ancestrais.  Ele a ajuda a retomar contato com o próprio corpo e com sua sensibilidade. Cicatriza a dor da perda ou da separação. Estimula a intuição feminina e o diálogo com a alma. 
Costumo dizer às minhas pacientes que o "óleo de rosas não é para meninas mas sim para grande mulheres..."

SE NÃO POSSUI O ÓLEO USE AS PÉTALAS!!!
 
Infusão  das  pétalas: 40 a 50 g em 1 L de água fervente. Abafar por 10 minutos.
Distúrbios gástricos: Beber 3 xícaras ao dia.
Conjuntivite: compressas frias
Cuidados da pele, cravos e espinhas, pequenos machucados, queimaduras de sol: compressas ou limpeza com um chumaço de algodão

Antiga receita francesa para dores de garganta a inflamação das mucosas, o Miel Rosat:
Ferver por 10 minutos 20 g de pétalas de rosas em 100 g de mel. Tomar uma colher de chá ao dia.

Vinagre de Rosas:
Preencher um bocal de vidro (escuro) com pétalas de rosas e completar com vinagre de vinho branco. Deixe descansar por 21 dias. Fazer gargarejos diluindo um colher de café do vinagre em 1 xícara de água morna.

ATENÇÃO:
  • Tenha certeza da procedência ao comprar as rosas para as receitas caseiras – devem ser absolutament livres de pesticidas!
  • São necessárias em torno de 4 toneladas de pétalas de rosas para se obter 1 kg do óleo essencial,  por isso seu preço é extremamente elevado. Caso você encontre óleo essencial de Rosas a um preço modesto, desconfie! Em regra geral, quando é de boa procedência, ele vem diluído em Óleo de Jojoba nas lojas e distribuidores especializados, o que o torna mais acessível...
  • Gestantes devem abster-se do uso do Óleo Essencial de Rosas - ele estimula as contrações uterinas. 
  • As indicações acima não substituem tratamento médico.

12 de jul. de 2011

Combatendo os pequenos males do Inverno...

pesquisa realizada por Stella Bittar
É HORA DE SE AQUECER
 E DE SE FORTALECER!

 
Muitos plantas medicinais e óleos essenciais podem nos ajudar a enfrentar o inverno agindo na energia vital do organismo e no nosso sistema respiratório. Podemos combater as gripes e resfriados de forma natural e segura.

A medicina caseira e popular, tão antiga e comum no Brasil, indica diversas ervas para combater esses males...todos nós já ouvimos falar ou já tomamos chás de alho, canela, eucalipto ou gengibre...A Aromaterapia clássica também sugere o uso de diversos óleos essenciais com a mesma finalidade.


No estanto, estudando e pesquisando o uso das plantas medicinais e dos óleos essenciais no Ocidente e fazendo as relações com a Medicina Tradicional Chinesa, achei importante diferenciar um pouco os tipos de gripes.

Para tipos de gripes diferentes, plantas diferentes...

Assim, levando em conta as particularidades de cada óleo essencial, proponho aqui, de forma simplificada,  indicações para os males do inverno, seguindo os conceitos básicos da Medicina Tradicional Chinesa e  os princípios da Aromaterapia clássica:


Gripes caracterizadas por ausência de febre ou febre baixa, coriza aquosa ou congestão nasal, aversão ao frio, pouca ou nenhuma sudorese: utilizar óleos essenciais que aquecem e tonificam, como gengibre, tomilho, cedro, louro, canela, manjericão, hissopo, cravo, manjerona, pimenta-negra, alecrim, junípero, bergamota, mirra, de ação predominante yang, ou ainda sálvia, lavanda, melissa, cânfora, de ação yin-yang.
  
Gripes caracterizadas por febre alta, sudorese, dor de garganta, sede e dor de cabeça, muco espesso e amarelo: utilizar óleos essenciais de camomila, hortelã-pimenta, cajepute, eucalipto, olíbano, niaouli, limão, tea-tree, sândalo, cipreste, capim-limão, de ação predominante yin, ou ainda sálvia, lavanda, melissa, cânfora de ação yin-yang.

 AROMATERAPIA EM CASA

Inalação: Escolher até 3 tipos de óleos essenciais. Colocar 2 gotas de cada em uma tigela de água fervente. Cobrir a cabeça com uma toalha e permanecer por 20 minutos inalando o vapor.

Massagens/fricções no tórax e região superior das costas: diluir em um pouco (20ml) de óleo vegetal de base (semente-de-uva, amêndoas ou outro)  a mesma quantidade de óleos essenciais acima.

*Procure um Aromaterapeuta para outros tratamentos específicos. 
*As indicações terapêuticas deste Blog não substituem tratamento médico.

Conheça mais as particularidades terapêuticas e curiosidades do GENGIBRE...nosso Eleito do Inverno,  na Postagem que segue...

Para o frio extremo: Gengibre!

pesquisa realizada por Stella Bittar
GENGIBRE (Zingiber officinale)
Ginger(ing), Gingenbre(fr), Zenzero (it) 
Famíla: Zingiberaceas
Extração: raízes frescas 





INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS gripes frias, aversão ao frio, dores reumáticas, dores musculares, insuficiência respiratória, cãimbras abdominais, enjôos, dispepsia, aerofagia, falta de apetite; cansaço, estafa, memória fraca, falta de energia sexual. Elimina o frio e a umidade do corpo e auxilia nos processos digestivos.


AÇÃO ENERGÉTICA Medicina Tradicional Chinesa
Yang – tonifica o Qi do organismo, principalmente do Pulmão – age também sobre os Canais do Estômago, Baço-Pâncreas, Rim e Coração.



PSICOAROMATERAPIA estimula e aquece os centros vitais promovendo o ânimo e fortalecendo a força de vontade (Zhi) e a iniciativa.



Mistura-se bem a outros óleos essenciais: agrumes (laranja ou bergamota) ou amadeirados (sândalo, cedro) ou ainda, olíbano, rosa e patchouli em banhos tonificantes.

Pode ser irritante para a pele – utilizar com moderação. Evitar durante a gravidez.

SE NÃO POSSUI O ÓLEO, USE A PLANTA !

Gripes frias: Infusão de 1  colher de sopa do rizoma em 1 xícara de água. Abafar por 10 min. Coar. Beber 3 vezes ao dia. Inalação: num recipiente com 1 litro de água em fervura, 1 colher de sopa de gengibre fatiado. Desligar o fogo e fazer uma inalação: cobrir a cabeça com uma toalha e inalar o vapor por 10 minutos.  Não sair ao sereno após o uso.

Reumatismos e dores musculares: Cataplasma com gengibre bem moído ou ralado e amassado num pano ou gaze - aplicar diretamente no local.

Óleo de gengibre: Amassar em 1 pilão 1 colher de chá do rizoma picado em 1 xícara de café de óleo de semente-de-uva. Levar em banho-maria. Coar. Aplicar morno, em leves fricções, nas regiões doloridas.

USO CULINÁRIO
Utilizado para condimentar pratos de carne de aves e carneiro, peixe e frutos do mar. Muito apreciado na cozinha oriental e muito popular na Inglaterra.

O gengibre é um ingrediente fundamental no preparo do Tandoori, mistura indiana de especiarias composta por gengibre, alho, tamarindo, cominho, açafrão, sementes de coentro, pimenta-de-caiena ou ainda cravo, canela ou páprica.

No Brasil, é um dos ingredientes básicos do Quentão, tradicional bebida das Festas Juninas.

ORIGEM E CURIOSIDADES HISTÓRICAS

 Índia e China. Desde os tempos mais remotos vem sendo utilizado como condimento, erva e medicamento. Para os chineses é um alimento espiritual, que liga o homem aos Deuses. Era utilizado na arte da resistência e longevidade. 

O médico grego Dioscórides, pai da Farmacognosia, relata em sua grande obra De Materia Medica: “O gengibre aquece o corpo, é digestivo, abre o apetite e é um antídoto contra venenos”.
O gengibre de fato fez parte da famosa poção contra todos os venenos – o Mithridaticum.
 
 


No Alcorão, texto sagrado do Islamismo, o Gengibre aparece como uma recompensa: "Os justos beberão um néctar temperado(...) Deus irá recompensá-los por sua persistência, com vestimentas de seda e as delícias do paraíso (...) Reclinados sobre sofás macios, eles serão servidos em finos pratos e nas taças de prata e eles mesmos se servirão de um néctar temperado na Fonte de Gengibre".

Os Turcos o utilizavam nas poções afrodisíacas, que levava suco de laranja, "licor", açúcar, noz-moscada e gengibre.

Era também um elemento fundamental na famosa “Mistura explosiva” de Nostradamus: gengibre, canela, cravo, pimenta. Na Europa medieval era ainda uma especiaria extremamente cara e muito procurada, sendo preconizada pelos médicos ingleses.

As "poções, pós, óleos e ungüentos mágicos" para estimular a sexualidade ou atrair bens materiais sempre levavam gengibre , entre outros ingredientes secretos, é claro...!




*As indicações acima não substituem tratamento médico.

10 de mai. de 2011

A Sálvia que salva...

Pesquisa realizada por Stella Bittar

Óleo essencial de Salvia sclarea
Sage (ing), Sauge (fr), Salvia (it)
Da Família das Labiadas, a Sálvia é uma planta que atinge até 90 cm de altura com folhas ovaladas e macias e flores que vão do branco ao lilás, muito aromáticas. A extração para obtenção do óleo essencial é feita das folhas e flores por destilação a vapor.

A Sálvia  é anti-séptica, hipotensora, estimulante, afrodisíaca, tônica, anti-transpirante, depurativa, diurética, adstringente, anti-espasmódica, digestiva, anti-depressora. Age no hipotálamo, ponto central do sistema nervoso que regula as funções vitais, exercendo atividade estrogênio-like.

Indicações terapêuticas: retenção hídrica e dores musculares; leucorréia (fluxo vaginal), tensão pré-menstrual, climatério, menopausa, amenorréia e dismenorréia (escassez da menstruação e cólicas menstruais), partos laboriosos; convalescença, bronquite e asma ; digestão lenta, estomatite, afta e gengivite ; tratamento de cabelos oleosos, queda de cabelos, caspa, seborréia, piolhos; acnes, pele seca, pele oleosa, dermatite, eczema, machucados, transpiração excessiva.

Psicoaromaterapia: indicada nos casos de depressão, tensão nervosa, tensão pré-menstrual; pânico e  histeria; depressão pós-parto; auxilia os tipos nervosos, fracos e temerários.
Ação energética: Yin e Yang, dependendo da forma e quantidade de uso, atuando principalmente nos Canais Energéticos do Rim, Baço-Pâncreas, Pulmão, Coração. Profunda ação sobre a Mente (Shen).

Nota terapêutica: Venho observando ao longo dos anos nos pacientes a eficácia dos óleos corporais (Blends aromaterápicos) preparados com uma base de óleo vegetal e óleo essencial de Sálvia nos casos de cólicas menstruais e menstruação escassa, retenção hídrica, problemas respiratórios, cansaço extremo ou convalescença, partos laboriosos, sintomas do climatério e da menopausa.
Já nos casos de TPM marcada por tristeza ou irritabilidade, depressão nervosa, depressão pós-parto, pânico, percebo resultados melhores quando o óleo de Sálvia é administrado na forma de spray, por inalação, em conjunto com outros óleos como os de Lavanda, Rosa, Gerânio e óleos cítricos.
Ao meu ver, assim como a Lavanda, o Gerânio e a Rosa, a Sálvia carrega marca energética profundamente feminina.


Se não possui o Óleo, use a Planta!!!!!

Uso interno:
Menstruação dolorosa e distúrbios da menopausa: 3 colheres de sopa da erva em 1 garrafa de vinho branco. Deixar em maceração por 8 dias. Coar. Tomar 1 cálice, 3 X ao dia, no caso de menstruação dolorosa, durante os 10 dias que precedem a menstruação.

Digestão difícil, resfriados, sudorese excessiva: Infusão de 1 colher de sobremesa da erva e flores em 1 xícara de chá de água fervente. Deixar abafar. Tomar 1 xícara 2 X ao dia.

Uso externo:
Gripes e congestão nasal: inalação do seu infuso (ou 2 gotas do óleo numa tigela de água fervente).
Não ultrapassar 15 minutos de exposição aos vapores. Não sair ao sereno após o uso.

Feridas e piolhos: Adicionar 1 xícara de vinagre branco em 3 colheres de sopa da erva. Deixar em maceração. Coar e espremer o resíduo. Aplicar nos locais afetados com um chumaço de algodão. Em caso de piolhos, aplicar no couro cabeludo e na nuca, deixar agir por 2 horas. Lavar a cabeça e passar o pente fino.

Mau hálito, afecções da boca, dentes manchados: 2 colheres de sopa em 1 xícara de álcool de cereais a 70%. Macerar por 10 dias. Coar e armazenar em frasco escuro. Tomar 1 colher de chá diluída em água antes das refeições. Em caso de dentes manchados, utilizar o líquido durante a escovação.

USO CULINÁRIO: A sálvia mistura-se bem ao alecrim, orégano, salsa e louro. É ótima para temperar tomates, batatas, vegetais, carnes, peixes mas deve ser utilizada com moderação.


Curiosidades da Botânica antiga...

Originária do sul da Europa, seu nome vem do latim salvare, ou seja, salvar, curar.
Há muito vem sendo utilizada como um grande remédio. Os Gregos já a utilizavam por suas propriedades digestivas. No Sul da França havia um ditado que dizia: “aquele que possui sálvia no seu jardim, não necessita de médico”.

Para os Gregos e Romanos esta planta salvava não somente o corpo físico como também a alma, por isso sua grande presença nos rituais de magia e nos funerais.

À esta “Erva de Júpiter” sempre foram atribuídos poderes extraordinários. Na Europa da Idade Média conferiam-lhe poderes ocultos. Os Xamãs da América do Norte sempre a utilizaram para afastar maus espíritos e purificar.
Até os dias de hoje, nos rituais populares, a sálvia, assim como a arruda, a lavanda, o alecrim, a hortelã, o tomilho, o capim-limão, o manjericão, manjerona, o funcho, a erva-luiza, são alguns exemplos de ervas muito utilizadas para “limpeza e purificação” de pessoas e ambientes.
Hildegarde Von Bingen, abadessa do séc XII e grande conhecedora das ervas medicinais, diz : A Sálvia é de natureza quente e seca. Ela é boa para comer crua ou cozida por aqueles que sofrem de humores nocivos, acalmando tais humores...”


Deve-se respeitar as doses recomendadas e não se submeter ao seu uso durante longos períodos.
Gestantes, lactantes ou epiléticos não devem administrá-la.
As indicações acima não substituem tratamento médico.







17 de mar. de 2011

Óleos essenciais e nossas emoções

Pesquisa realizada por Stella Bittar


" Experimente os perfumes das flores e da natureza em geral para ter paz na mente e alegria na vida "  Wang Wei - Séc VIII. 



Em uma postagem mais antiga - Como os Óleos Essenciais agem sobre o Organismo – coloquei, de forma  sucinta, que os óleos aromáticos atuam sobre a mente e o corpo através de 2 vias principais: sistema olfativo (inalação) e pele (corrente sanguínea).

Para entendermos melhor como agem os Óleos Essenciais nas nossas emoções, o tema deste mês, devemos esclarecer sua ação no nosso cérebro: ao inalarmos um aroma, as moléculas aromáticas passam pela cavidade nasal onde células nervosas receptoras do bulbo olfativo enviam sinais eletroquímicos ao Sistema Límbico, causando liberação ou bloqueio de neurotransmissores específicos, interferindo assim nas nossas respostas emocionais
As mensagens olfativas são convertidas em ação, resultando na liberação da euforia, relaxamento, sedação ou estimulações eletroquímicas” (Price, 1990). 
Hoje sabe-se que o caminho mais eficaz para obtermos bons resultados nos tratamentos das desarmonias psicoemocionais utilizando a Aromaterapia/ Aromacologia*, é através da inalação: "Por via da inalação e ação sobre o Sistema Nervoso, há influência sobre o humor, funções psíquicas e aspecto neurovegetativo, relações psicossomáticas entre os sentimentos e a saúde do organismo" (Padrini e Lucheroni, 1996).

*Aromacologia, termo criado em 1989, Aromachology, pelo Sense of Smell Institute para o estudo das inter-relações entre os aromas e as respostas psico-emocionais.

CONHECENDO UM POUCO NOSSO CÉREBRO... 

Para compreendermos melhor as funções do Sistema Límbico, devemos ressaltar, de forma simplificada, as principais estruturas que o formam e aquelas com as quais ele faz interconexões e que afetam nossas respostas emocionais:
 Amígdala: exteriorização do humor, amor e afeto, medo, agressividade e ansiedade, efeitos viscerais e auto-preservação 
Hipocampo: memória
Área Septal: sensações de prazer relacionadas principalmente com o sexo e o orgasmo
Área Pré-Frontal: manutenção da atenção, raciocínio, concentração
Giro Cingulado: reação à dor e comportamento agressivo
Área Tegmental Ventral: sensação de prazer, insatisfação, compulsão - secreta a Dopamina
Tronco Encefálico: estados afetivos como tristeza, raiva, alegria...
Hipotálamo: homeostase do organismo, funções vegetativas.

Partindo das afirmações acima é interessante conhecermos o trabalho de Gatti e Cajola que já nos anos 20  do século passado haviam classificado os Óleos Essenciais como fundamentalmente Estimulantes ou Sedativos:
Os Estimulantes eram já utilizados nos estados de depressão, langor, distúrbios associados às falhas da função nervosa (paralisia, perda da voz), perda da concentração. Os Sedativos já eram usados nos casos de insônia e estados nervosos. Desde então diversos estudos foram realizados sobre este assunto principalmente na Inglaterra e na França. 


VIVENDO MELHOR O DIA-A-DIA DA NOSSA CUCA COM OS AROMAS...

Seguindo esta proposta e baseando meu conhecimento em outras pesquisas de autores reconhecidos (Jean Valnet, Shirley Price, Robert Tisserand, Paolo Rovesti, Mme Maury...), em estudos sobre a Medicina Tradicional Chinesa e observação dos pacientes ao longo da minha experiência como terapeuta corporal, selecionei alguns óleos essenciais que têm ampla atuação sobre nossas respostas emocionais.
Esta é uma primeira seleção – Óleos estimulantes, calmantes ou equilibradores - lembrando que cada essência tem tanto qualidades Yin como Yang e que seu efeito não é absoluto - dependerá das circunstâncias e formas de aplicação.

Os preparos que componho para os pacientes levam sempre, no mínimo, 3 óleos essenciais e são “personalizados”: levam em conta o histórico de cada um - experiência de vida,  estados mentais, conflitos emocionais – o bouquet final de cada preparo é característico de cada indivíduo...único e indelével.

1.Óleos estimulantes (de natureza preponderante Yang): alecrim, hortelã-pimenta, y-lang y-lang, litsea-cubeba, spruce-black, limão, cravo, hissopo, canela, gengibre, manjericão, eucalipto, laranja, bergamota, jasmim, cipreste, lavandin, sálvia-esclaréia, tomilho, erva-doce,  louro, patchuli, verbena.

2.Óleos calmantes (de natureza preponderante Yin): melissa, camomila, manjerona, cedro, lavanda, neroli, rosa,  mirra, sândalo, petit-grain, tangerina, junípero, lemon-gras.

3.Óleos Equilibradores (Yin e Yang – dependendo da intenção, forma e quantidade de uso): lavanda, palma-rosa, sálvia-esclaréia, gerânio, bergamota, grapefruit, laranja, cedro, olíbano, sândalo, mirra, lemon-gras.

A partir desta seleção e tendo conhecimento da composição química/quimiotipo, ação no cérebro, uso através da história, marca energética e a simbologia, personalidade e características específicas de cada óleo essencial, podemos atuar mais profundamente sobre outros aspectos das emoções - raiva, tristeza, apatia, rancor, irritabilidade, ansiedade, medo, ciúmes, insatisfação, desesperança...

 CURIOSIDADES HISTÓRICAS : Desde os tempos em que os aromáticos eram usados em forma de incensos, nas cerimônias religiosas por exemplo, o propósito de seu uso já era obter um efeito sobre a mente...
 Grandes médicos da História como Galeno ou Paracelso preconizavam o uso das ervas aromáticas como remédios poderosos para os desequilíbrios psíquicos ou as convulsões histéricas...

Receita da Loção da Felicidade de Hildegard von Bingen séc XII: 100 g de flores frescas de malva com 200 g de flores frescas de sálvia, misturadas a 20 cl de vinagre de cidra. Deixar macerar e massagear as têmporas e a testa com a loção: O vinagre arranca a acidez da melancolia, o suco da malva a dissolve e o suco da sálvia a seca.